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Brasil - a hora da indignação mundial

segunda-feira 27 de julho de 2020, por ,
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Estimulado pela carta do meu amigo frei Beto, que lhes enviei há pouco, mando-lhes agora três sugestões concretas de ação.
1. Dar um forte apoio ao grito da Assembleia Mundial pela Amazônia (https://bit.ly/AssembleiaMundialAmazonia) a se inciar nos dias 18 e 19 de julho de 2020.
É na Amazônia brasileira que está sendo perpetrada impunemente a matança dos indígenas que protegem a vida da floresta e a vida na floresta. E com ela estamos testemunhando também um “genocídio” da natureza – se for possível usar essa palavra num sentido mais amplo - com um devastador desmatamento e a mineração predadora.
Essa ação bárbara de Bolsonaro se aproveita do drama da Covid 19, como explicitou claramente, em reunião de governo tornada pública, seu Ministro do Meio Ambiente: todos estão preocupados com a pandemia; é o bom momento para mudar regras e simplificar normas.
O afastamento desse Ministro está sendo exigido no Brasil e no mundo.
A Assembleia Mundial pela Amazônia está sendo promovida pela COICA: Coordenação das Organizações Indígenas da Cuenca Amazônica, pela REPAM: Rede Eclesial da Pan Amazônia; pelo FOSPA: Fórum Social Pan Amazônico; e pela COIAB: Coordenadoria brasileira das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica.
E uma primeira proposta concreta de ação já será nela discutida dia 19 de julho: uma Campanha Mundial de boicote a produtos, empresas, inversões, politicas de governo, acordos comerciais e extrativismos que destroem a Amazônia.
2. Multiplicar as denuncias, junto ao Tribunal Penal Internacional, dos crimes contra a Humanidade cometidos por Bolsonaro, demonstrando a intencionalidade de seus atos. Em todos os países há grande numero de juristas extremamente capacitados para preparar tais denuncias, de acordo com os princípios de atuação desse Tribunal.
Paralelamente, esse mesmo esforço jurídico poderia ser feito para que a Justiça em cada país impeça a entrada ou a saída do Presidente brasileiro, pelos crimes ainda impunes que vem cometendo, assim como de cada um de seus ministros, por cumplicidade em sua ação criminosa.
3. Segundo imagem criada pelo diretor de um dos Institutos responsáveis em São Paulo por testes com vacinas contra a covid 19, o número de óbitos diários, no Estado mais rico do pais, é o mesmo provocado pela explosão de um Boeing 747 por dia, que pode repetir-se até o fim do ano. No Brasil como um todo ocorre agora uma morte por minuto. Nessa estatística macabra, provavelmente o país logo passará à frente de todos os outros.
É então de outro tipo a terceira sugestão que faço aos muitos amigos e amigas de outros países: ajudar-nos a que não aceitemos, como se fosse “normal”, o número de mortes provocadas pela covid 19 em nosso país.
Estamos intensamente ocupados na resistência à destruição em curso das instituições, leis, normas, serviços e direitos duramente conquistados depois da queda do regime militar implantado nos anos 60. Com isso corremos o risco de nos acostumarmos com as noticias, que nos chegam todos os dias, das mortes do dia anterior. Foi a “naturalização” que fizemos da escravidão de negros, durante séculos, que hoje nos faz nos “adaptarmos” ao racismo e à escandalosa desigualdade social que caracterizam nosso país, vitimando majoritariamente os descendentes desses escravos.
Apelamos à indignação mundial para que não se arrefeça, em nossos corações e mentes, nossa indignação diante de cada nova morte evitável que ocorra. Não podemos deixar que acordos espúrios de cúpula mantenham indefinidamente impunes no poder os responsáveis pelo genocídio em curso.
NO ARTIGO ABAIXO, O BOM EXEMPLO DE CUBA!
Foto: Paulo Desana/Dabakuri/Amazônia Real/09/05/2020