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Dia 204º/365 - Ópera dos Abutres

terça-feira 23 de julho de 2019, por ,
Golpe na Ancine, Glauber Rocha e cerimônia com tapumes
Se entrega, Corisco!
- Eu não me entrego, não!
Eu não sou passarinho
Pra viver lá na prisão
- Se entrega, Corisco!
1. Hoje o momento nos faz lembrar a trilha sonora do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Após dar um golpe fatal na Ancine e no cinema nacional a trupe que se elegeu para destruir o Brasil chega ao sertão, para inaugurar um aeroporto que leva o nome do cineasta.
2. O disfuncional síndico, capitão aposentado, vem à Bahia. Depois de desqualificar todos (estamos falando de todos) os nordestinos, tenta sequestrar um aeroporto para chamar de seu. Não contratou, não repassou um único centavo para a construção, mas vem lançar mão do resultado do trabalho alheio, vem sequestrar a cena da inauguração do aeroporto em Vitória da Conquista, cidade em que o cineasta nasceu.
3. O síndico e os penduricalhos veem encenar uma farsa. A meta é produzir imagens e notícias, porque é um motocontínuo em constante campanha. Não governa, não planeja, não investe. Um extrativista no planalto, que nos trata como fornecedores desqualificados. Vitória da Conquista vai ter o desprazer de servir de cenário para uma claque formada por abutres. O governador da Bahia e a filha do homenageado anunciaram que não vão comparecer.
4. Abutre é o nome vulgar dado às aves accipitriformes, da família accipitridae, de hábitos necrófagos, conhecidas também como abutres-do-velho-mundo. Os abutres assemelham-se exteriormente aos urubus, os abutres do novo mundo, e têm pouca habilidade para caçar, preferem se alimentar de carcaças e de restos alheios.
5. A trupe tem medo, e o ambiente da cerimônia será cercado por tapumes para que o povo fique distante, para que os verborrágicos não sejam obrigados a olhar de frente àqueles a quem ofendem. Os jagunços que farão a proteção talvez imaginem que possam afrontar os nordestinos, contudo, mais fortes são os poderes do povo.
Eu não me entrego, não!
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego, não!
(Mais forte são os poderes do povo!)
Perseguição - Letra de Glauber Rocha, e música de Sérgio Ricardo.
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