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Dia 223/365 - O marreco frito contra a força estudantil

domingo 11 de agosto de 2019, por Fátima Froes,

Os cortes na educação atingirão, prioritariamente os estudantes pretos, pardos, com renda familiar de até 1,5 salários per capta, provenientes de escola pública e as mulheres

Imagem: Latuff https://www.brasildefato.com.br/art...

1. Hoje é o dia do estudante. No país em que o governo quer destruir a educação, o papel de estudante é reservado à elite-trombadinha, que tanto pode estudar aqui ou lá em Miami. Vamos abraçar a Universidade Pública.

2. Um artigo de Pedro Henrique de Moraes Cícero de maio de 2019 nos fornece dados sobre a V Pesquisa de perfil socioeconômico de estudantes de graduação das Instituições Federais de Ensino Superior: 51%, a maioria, são pretos e pardos, 70% possuem renda familiar de até 1,5 salários per capta, 64,7% são provenientes de escola pública de ensino médio e as mulheres formam a maioria, 54,6% dos alunos. Dois terços dessa população feminina estão na área de Humanas

3. Os cortes no orçamento da educação, que financiaram a proposta indecente do fim da previdência, visam atingir essas categorias de estudantes. A revolução nas instituições de ensino superior, com a introdução de cotas étnicas e para aqueles oriundos da escola pública, em conjunto com a ampliação do número de Universidades e Institutos Técnicos, incomodou a classe média reacionária e a elite-trombadinha. Esse sentimento mesquinho foi traduzido abertamente pelo síndico ex-capitão ao classificar como "tara" o interesse da população mais pobre em cursar o ensino superior.

4. A filósofa Marilena Chauí, numa entrevista à TVT, lembra que o fascismo subterrâneo da sociedade brasileira manifesto em 2013 nas ruas, tinha esse viés destrutivo. A classe dominante brasileira, de acordo com a filósofa, opera com a desclassificação e desmontagem de todo e qualquer programa de transferência de renda e de diminuição da desigualdade. A classe dominante paga aos meios de comunicação para dizerem qualquer coisa que a classe média engula, assuma e transforme em apoio ao projeto excludente, acreditando que vão manter os SEUS privilégios específicos.

5. Às classes de menor faixa de renda é reservado um papel de eterna subalternidade, sem nem mesmo o direito a direitos. A ofensiva contra os diretos à educação, à saúde, à moradia, à alimentação, e ao trabalho digno faz parte do projeto moro-bolsonaro.

6. Ao corte do orçamento da educação os estudantes respondem com mobilização, e o governo reage com a força, que é o único argumento que o obscurantismo consegue utilizar. O monopólio da força. O marreco frito convoca a deprimente força nacional a cada manifestação da juventude no planalto. E o desqualificado ministro da educação comemora se há espancamentos.

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