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Dia 272/365 - Mais uma vez: Ele Não!

domingo 29 de setembro de 2019, por Fátima Froes,

Um ano da manifestação do #EleNão!!: barbárie e perda de direitos

Foto: Lula Marques https://fotospublicas.com/manifesta...

1. Um ano da manifestação do #EleNão!!, quando antevimos tudo que acontece agora, barbárie e perda de direitos.

2. Hoje ocupa o planalto um homem que foi condenado a pagar indenização de dez mil reais a uma deputada por agredi-la com a frase "não te estupro porque você é feia", e que se refere à própria filha como "uma fraquejada". Cujos filhos homens, ocupam, quase todos, cargos públicos eletivos, adotam o estilo miliciano e são tratados como meninos pelo papai, que não lhes cobra maturidade, todos criados a toddy pago pelo dinheiro público, contumazes em protagonizar escândalos e ações controversas.

3. Ontem foi o dia da luta pela descriminalização do aborto. A descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Não podemos saber com exatidão quantas mulheres no país realizam o aborto, a criminalização não permite o avanço da discussão. A maioria dos abortos é realizada clandestinamente e submetem as mulheres ao risco da precariedade ou da violência que o anonimato abriga. Os números do aborto legal, realizado por risco de vida da mãe, estupro ou feto anencéfalo, são em parte conhecidos e são estáveis. Mas sabemos que mesmo em caso de estupro muitos abortos continuam sendo realizados clandestinamente, porque o estupro ainda é considerado natural por uma parcela dos hetero-histéricos-normativos, como é o caso do síndico disfuncional que está no planalto.

4. Os números de aborto legal têm pouca variação desde 2009, em torno de 1700 por ano. Mas alguns números saltam aos olhos. De acordo com o sítio Huffpost, entre 2011 e 2016, 4.262 adolescentes de 10 a 19 anos tiveram uma gestação resultante de estupro levada a termo com o consequente nascimento do bebê. Ou seja, um direito previsto em lei é negado a mais de 700 jovens brasileiras todo ano. Dessas, 1.875 tinham de 10 a 14 anos e eram violentadas sistematicamente. E 68,5% dos violentadores são familiares.

5. O sítio também reproduz dados do IPEA que informam que entre as mulheres adultas grávidas por consequência de estupro, 19,3% consegue realizar o aborto legal, mas esse número cai quando as vítimas são crianças para apenas 5,6%. Para que as crianças possam realizar o procedimento elas necessitam da autorização dos familiares, o que talvez explique o baixo e perverso índice, se considerarmos que em mais da metade dos estupros registrados o autor é um familiar.

6. O nascimento de uma criança deveria estar no campo do desejo e não decorrer de uma decisão do estado, do juiz, do padre, do pastor. A situação é mais grave quando a relação não é consensual. É o exercício de controle sobre o corpo e a vida das mulheres. De qualquer idade.

7. Os números da violência são insustentáveis, 180 estupros por dia são registrados no país. Em torno de 90 desses casos atingem meninas com menos de 13 anos. Em torno de 120 dos casos tem agressores que são pessoas próximas, conhecidas das mulheres. E ainda somos o quinto país do mundo em feminicídio. Não precisamos desse governo trabalhando para aumentar esses números.

#ELENÃO!! #ELESNÃO!!

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